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sábado, 26 de maio de 2012

Poesia, poema, poeta e poetisa

Desenho de Taciane, minha filha com seis anos.


Alunos, leitores e amigos costumam me perguntar o que são poesia, poema, poeta e poetisa, diante disso, resolvi fazer esse texto tentando ser o mais objetivo e didático possível para que eu lhes faça assimilar o assunto. Para quem tem referências literárias será fácil, mas quem não  tiver será um pouco mais dificultosa a apreensão do assunto por ser um tanto complexo.


Desde pequenos, ouvimos falar em poesia, que alguém sabe fazer poesia, o poeta lançou seu livro de poesias, o professor declamou uma poesia e etc., e o conceito vai fixando em nossas mentes, todavia, não nos preocupamos com sua verdadeira definição. Quando vamos ao dicionário, deparamo-nos com termos vagos como: “poesia é uma composição poética de pequena extensão”; ou “poesia é arte de compor ou escrever em versos”. Até aqui ainda não temos uma definição ou conceito sobre poesia e sim uma noção (imprecisa). Então, ao recorrermos à teoria literária, percebemos que ainda, deveras, há muito o que se aprender sobre poesia, em razão de sua complexidade. A Teoria da Literatura define poesia como um gênero literário, que pode ser dividido, nas categorias épica, dramática e lírica. Também conceitua como experiência cósmica do poeta, a soma de sua obra. Poesia pode ser também o conjunto do fazer poético em certo tempo ou espaço. Enfim, as definições são diversas e, muitas vezes, subjetivas. Enquanto o poema, para a definição ficar mais didática, é uma das maneiras em que a poesia se manifesta; é a composição, um conjunto de versos dispostos sob certos preceitos literários ou arbitrariamente pelo poeta. Poesia e poema são termos totalmente distintos, ou seja, existem independentes um do outro, mesmo que venham da mesma raiz grega (poesia: fazer; poema: o que se faz). É possível haver um poema desprovido de poesia, mas é um poema (e há muitos por aí). Como também existe poesia sem poema. Há poesia no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, em O Crime de Padre Amaro, de Eça de Queiroz, no Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosas, na obra de Van Gogh, na Monalisa, de Da Vinci, no quadro o Abaporu, de Tarsila do Amaral, num pôr-do-sol no rio Amazonas, numa paisagem, no céu estrelado, enfim, em tudo que é belo, pois poesia é uma unidade de valor e beleza. Enquanto que o poema, que contém poesia, traduz em vocábulos o que o poeta-artista distinguiu no ser da poesia, que pode ser traduzida em música, a poesia das imagens, a poesia que dispensa palavras e fundamenta a linguagem. Não é somente pela forma que a poesia se expressa, mas também pelo conteúdo. Pelo simples fato de fazermos um poema rimado, não quer dizer que tenha poesia, de igual forma, um texto em prosa, é possível, sim, conter poesia. Já vi muitos livros intitulados de “Poesias Completas de Beltrano”, isso é um equívoco, uma vez que a poesia é única. Deveria ser “Obra Poética completa de Sicrano”. O grande poeta mexicano, Octavio Paz disse: “se o homem se esquecesse da poesia, esquecer-se-ia de si próprio. Voltaria ao caos original”.
               O poeta é simplesmente o artista que engendra, compõe e faz obra poética, ou seja, uma obra que contenha poesia, que é algo de grande valor, beleza e sabedoria. Em virtude de o poeta declamar, têm sinônimos de cantor: bardo, trovador, lírico, versejador, rimador e quejando.
 Poetisa, segundo a didática do dicionário, é “uma mulher que faz poesias”. No entanto, não é uma palavra eufônica para designar alguém que faz algo tão grandioso, porque, a princípio, tem-se a impressão de que o termo “poetisa” designa a esposa do poeta, como: embaixador=embaixatriz (mulher embaixador) profeta=profetiza (mulher que faz profecias), papa=papisa -feminino de papa- (sabe-se que nunca existiu uma). Diante disso, a palavra poeta é usada há muito e em larga escala na forma comum de dois gêneros, a saber, o poeta, a poeta. Talvez aceitem a sugestão na próxima reforma gramatical. Em suma: poesia: unidade de valor, beleza e sabedoria; poema: uma das inúmeras formas em que a poesia se manifesta, poeta: alguém que sua obra contém poesia e poetisa é (indevidamente) o feminino de poeta.


Referências bibliográficas:
O TEXTONU - Zemaria Pinto;
Dicionário Houaiss – Antonio Houaiss;
Dicionário Aurélio – Aurélio Buarque de Holanda;
DICIONÁRIO DE TERMOS LITERÁRIO – Massaud Moisés;

                                            


sábado, 19 de maio de 2012

Cordel do desarmamento

Desenho de Taciane, minha filha com seis anos.


            Em 2005, a Câmara dos Deputados lançara uma campanha de desarmamento incluindo um referendo. A princípio, sem olharmos a demagogia do ato, achamos que fosse algo vantajoso e nobre, mas feito atabalhoadamente, beneficiava os fora da lei, tirando a condição de defesa do cidadão de bem. Muitos devolveram suas armas de fogo em troca de mixaria. Acontece que, a polícia somente inutilizava as armas antigas e as mais sofisticadas era comercializadas. Alguns policiais conhecidos meus vieram me oferecer até pistola nove milímetro entregue voluntariamente. Não gosto nem possuo arma de fogo. Minhas armas sempre foram livros, cadernos, canetas, giz, pincel e teclado, porém, vi que essa campanha não era útil para sociedade brasileira e fiz este pequeno cordel, onde exponho minha opinião. Antes do referendo, houve uma ferrenha disputa entre o “Sim e o Não” ao armamento, felizmente este último foi vencedor. Depois, o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional e vetou a lei do Estatuto de Desarmamento que tornava o porte de arma crime inafiançável, alegando que o cidadão tem direito de se defender, ou seja, desperdiçaram cerca de trezentos milhões de reais em algo capenga e inútil, o que poderia ser utilizado para construir estradas, casas populares, saúde, presídios e até na segurança.




O Brasil está pedindo
A sua sincera opinião
Se é contra ou a favor
Da comercialização
De arma de fogo, mas é
Só mais uma enganação.

Porque uma arma sozinha
Nunca vai matar ninguém,
Já que, para disparar,
Precisa sempre de alguém,
Que pode ser mau caráter
Ou um sujeito do bem.

Se um bandido quer matar,
Qualquer pessoa ele ataca
Sem fazer escolha de arma
(Revólver, pau, pedra ou faca)
Porque não será punido,
Pois sabe que a lei é fraca.

A arma de fogo não causa
A criminalização,
Que é apenas efeito
Da falta de punição;
Ela mata muito menos
Do que a nossa corrupção.

Esse plano de desarme
É uma grande enganação
Porque somente desarma
Pessoas de bem, cidadão
E deixa ainda mais armado
O fora da lei, o ladrão.
  
A polícia não desarma
Nem mesmo o presidiário
Como constatamos isso
Com fato, que é diário;
Ao invés de desarmar,
Ela faz é o contrário.

Se essa lei for aprovada,
Para nós não há vantagem,
Pois aumentará o tráfico
E onde os traficantes agem,
Ninguém pode combatê-los
Nem o Estado tem coragem.

Há vários outros países
Que seu armamento é maior,
Mas sua criminalidade
Que a do Brasil é menor;
Há outros menos armados
Que o crime é muito pior.

É claro que a arma de fogo
Precisa de mui cuidado.
Para não ter acidente
Tem-se que ser bem treinado
E ser conforme a lei tem
Prescrito e requisitado.

O Estado deve fazer
É um bom planejamento
Para combater o crime.
P’ra funcionar a contento
Tem-se que reformular a
Justiça e o policiamento.

Bento Sales
10/10/2005








sábado, 12 de maio de 2012

Homenagem às mães

Desenho de Taciane, minha filha com seis anos.
Mãe, um pedaço do Céu, Leonardo Sullivan




Não tenho mais mãe, avó, tampouco, sogra. Convivi pouco com meus pais. Minha avó me fez papel de mãe. Quando casei, deparei-me com uma pessoa amável comigo, como uma mãe, que foi a mãe de minha esposa. Sei que sogra é motivo de piada e aversão por parte dos genros, em razão da superproteção aos filhos casados. No entanto, minha sogra me tratava como um filho. Gostava mais dela até mais que da minha mãe. Como no ano passado fiz uma homenagem à minha avó, este ano vou homenagear minha sogra publicando um poema (soneto) que fiz em seu tributo. Essa música do vídeo eu a escutava muito na infância e desejava ter uma mãe igualzinha à descrita na letra. Ainda hoje me emociono ao ouvi-la. Bem, desejo a todos visitantes um feliz Dia das Mães.




A TRISTE PARTIDA
(À Luzia  Parente)


Sem sequer poder, de nós, despedir-te,
Deixando-nos em prantos e na saudade,
E quão desesperados em soledade
Assistindo, impotentes, a ti partir.

E agora, nós estamos órfãos e tristes,
Espelhando-nos sempre na tua bondade
No teu exemplo de amor, na tua dignidade,
Viveremos, assim, desde que partiste.

Só nos consolamos co’a triste partida,
Porque acreditamos que o Pai Celestial
Já te escreveu no etéreo Livro da Vida.

Foste-te, porque a tua missão foi cumprida:
Que foi nos semear o teu amor maternal,
Mas tua ausência sempre nos será sentida.


  
Bento Sales