Desenho de Taciane, minha filha com seis anos.
Haicai, haikai ou haiku é um pequeno poema
de origem japonesa que surgiu no século XVII com Matsuo Bashô e Kobayashi Issa. É
caracterizado pela condensação, temática paisagística e estações do ano; a forma tradicional é sem rima ou sem título e é
constituído com 5-7-5 sílabas poéticas:
1 2 3 4 5
Eu e/ meu a/que/ce/dor –
Eu e/ meu a/que/ce/dor –
1 2 3 4 5 6 7
Lá/ fo/ra o/ Se/nhor/ do/ Feu/do
Lá/ fo/ra o/ Se/nhor/ do/ Feu/do
1 2 3 4 5
Pas/san/do en/so/pa/do.
Pas/san/do en/so/pa/do.
(Issa).
Chegou ao Brasil no fim do século
XIX, é praticado em todo país com peculiaridades, como rima, métrica livre,
descrevendo temas diversos. Temos bons praticantes do haicai, como Millôr
Fernandes, Alice Ruiz, Paulo Leminski, Luiz Bacellar, Zemaria Pinto, Aníbal
Beça, Guilherme de Almeida e muitos outros. A seguir, darei exemplos de haicais
de diversos autores e após os meus. Quero agradecer a amiga Elisa T. Campos do
blog Pintando Haikai e o grande amigo Cristiano
Marcell do blog Haicai e Não Machuca
por ter me cedido seus maravilhosos haicais para esta postagem.
Ontem, vagalumes
Cobriam todo o caminho
Que tens sob os pés.
(Issa)
Sem guarda-chuva
E sob a chuva de inverno –
Bem, bem.
(Bashô)
Usucapião
É contemplar as nuvens
Do próprio chão.
(Millôr)
Chuva de verão,
Cores: sorriso de flores
Que as macieiras dão.
(Luiz Bacellar)
Brisa ao vento
Mareando o meu olhar
Em busca de poesia.
(Elisa T. Campos)
Bravo e ímpio
Homem branco não sabe
Nada do índio.
(Cristiano Marcell)
E agora os meus haicais:
Não perde a
coroa
O abacaxi
p’ra viver
Assim tão à
toa.
A nave hoje
parte
Para ver se
ainda há vida
No Planeta
Marte.
Ao olhar o
Universo,
Tive uma
inspiração para
Fazer este
verso.
Acordei com
sol
Me aquecendo
a boca pela
Brecha do
lençol.
Formiga não
casa,
Mas quando
quer se perder,
Geralmente
cria asa.
Explosão
solar,
É tão
intensa que ninguém
Pode
calcular.
A ave do
paraíso
Alegra toda
floresta
Com dança e
sorriso.
Ao comer
paçoca,
O curumim
foi picado
Pela
muriçoca.
Vestida de
rengue
A cunhatã
foi picada,
Contraindo,
assim, dengue.
O buraco
negro
Suga tudo ao
seu redor
Como faz um
bueiro.
Estou no blog de minha amiga Cissa, HumorEmConto onde, gentilmente, publica meus haicais.
Ela é exímia cronista e excelente contista. Vale muito a pena dar uma conferida em seu link.