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sábado, 17 de novembro de 2012

Metalinguagem

Desenho de Taciane, minha filha com sete anos.


Cadê o poema,
Feito de fonema?
Cadê o poeta,
Aquele asceta?
Cadê a estrofe,
Feita com apóstrofe?
Onde está o verso?
Se encontra no verso?
Cadê a rima?
Está lá em cima?
Aonde foi a métrica?
À lauda tétrica?
Cadê o valor?
Está no labor?
Cadê seu tom
E também o som?
Não percebo o ritmo!
É... está arritmo.
Cadê a figura?
Ah, que amargura!
Nenhuma metáfora
Nem mesmo anáfora!
Não vejo a poesia.
É só fantasia?
De mim ela some...
Isso me consome!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Prêmio Dardos




O blog  Folhas Soltas recebeu o Prêmio Dardos.

Recebi esta indicação do meu grande amigo Paulo Sotter, do blog  TARRAFEANDO e também de minha grande amiga Patrícia de Pina do blog Redescobrindo a Alma.
Quero lhes agradecer não só pela lembrança, mas também pela consideração e assiduidade aqui no blog. Também quero recomendar seus blogs para meus leitores. No Tarrafeando, há curiosidades, muita informação útil e cultura. No blog Redescobrindo a Alma, há poesia excepcional.
Eis o que significa o selo-prêmio:
O Prêmio Dardos foi criado pelo escritor espanhol Alberto Zambade que, em 2008, concedeu no seu blog Leyendas de “El Pequeño Dardo”o primeiro Prêmio Dardo a quinze blogs selecionados por ele. Ao divulgar o prêmio, Zambade solicitou aos blogs premiados que também indicassem outros blogs ou sites considerados merecedores do prêmio. Assim a premiação se espalhou pela Internet.
Segundo o seu criador, o Prêmio Dardo destina-se a “reconhecer os valores demonstrados por cada blogueiro diariamente durante seu empenho na transmissão de valores culturais, éticos, literários, pessoais etc., demonstrando, em suma, a sua criatividade por meio do seu pensamento vivo que permanece inato entre as suas palavras”.
As regras do prêmio estabelecem que os indicados, depois de dizerem quem os presenteou, poderão exibir no seu blog/site o selo do prêmio e deverão indicar outros dez, quinze ou vinte blogs ou sites que preencham os requisitos acima para o recebimento do prêmio.
Indicarei os blogs, no entanto, como não é possível escolher tantos, todos meus amigos podem pegar o selo aqui à vontade.

HumorEmConto – Cissa Romeu
Pecado Capitalma – Helen
CRONUTOPIA – Dilso Santos
Pintando Haikai – Elisa T. Campos
  Ate Hoje. – Célia
LUCIENE RROQUES - Luciene
Relativa Seriedade – Jacques
http://ramanavimana – Almir Ferreira
"Vendedor de Ilusão..." – J. R. Viviani
INTERIORIDADES - AC.

sábado, 3 de novembro de 2012

A CASA

Pintura de Taciane, minha filha com sete anos, então com cinco.

Depois de economizar durante quinze anos, o marido conseguiu comprar uma casa de seu intuito: boa localidade, amplo terreno, pátio, precisando de pouca reforma. O casal morou cinco anos no alto da residência de sua irmã, onde tinha, ficticiamente, parte, pois ajudou a comprá-la juntamente com seus dois irmãos. Havia, por parte da esposa, um certo desconforto porque toda mudança ou reforma teria que passar pela aprovação da cunhada. Ela vivia pressionando o marido para saírem de porque estava aborrecida com essa situação, mas ele sempre foi um homem prático e arrazoado: pedia-lhe paciência para que juntasse mais dinheiro para comprar uma casa melhor. Ela aceitava por um tempo, todavia voltava insistir. Deliberaram procurar a casa para ter ideia de preço. Quando gostava de uma, o valor era muito além do que tinham e ainda precisava de reforma ampla. Ficaram nisso durante dois anos. Enfim, encontraram a casa dos seus sonhos. Quando a esposa olhou a documentação, viu uma certidão de óbito da proprietária predecessora. Incontinentimente, ela ficou preocupada e, sobretudo, arrependida de ter comprado a casa. Pediu para desfazer o negócio, mas ao ler o contrato, o marido viu que continha uma cláusula referente ao arrependimento, que o arrependido teria que pagar uma multa de trinta por cento, o que tornaria inviável a aquisição de outra iminentemente. Pediu, então, para ele investigar se ela falecera na casa, uma vez que na certidão de óbito dizia que a causa mortis foi “grande queimado”. O marido inquiriu o corretor: ele disse que não os conhecia, mas achava que isso ocorrera no centro da cidade. Porém, ela não acreditou. Durante a reforma em duas semanas, um dos trabalhadores subiu no muro e viu o fundo da casa do vizinho repleto de santo. Quando a esposa foi , ele mostrou para ela. Foi a gota-d’água para ela ficar mais preocupada, dizendo que não moraria próximo de um macumbeiro, que isso traria azar, mas não era nada disso, apenas um vizinho que colecionava santos. durante a mudança, passaram umas moças próximo ao caminhão de mudança e um dos ajudantes mexeu com elas, uma indagou se havia comprado a casa, ele afirmou que sim, então ela falou para ter cuidado porque morreram uma criança e a mãe queimadas. O rapaz logo alertou o marido para sua esposa não saber, que ela estava muito perturbada com essa história. Passaram a noite de sábado e o domingo, mas não ouviram nem viram nada de incomum. Na segunda-feira, foi uma equipe representante de uma empresa metalúrgica terminar um serviço de grade pendente e, como morava perto, sabia do ocorrido; contaram para ela com requinte de fofoca. Ela ficou em pânico. Queria sair da casa rapidamente, mas o marido pediu para ela não ligar para isso e que era estória de desocupado ou então de invejoso. Ela suplicou para sair de , porém, ele gostou muito da casa e, mesmo tendo prometido para ela que sairia para não enlouquecer, decidira que não a venderia nem sairia de . A filha do casal, de um ano de idade, ficou à vontade na casa, como se tivesse nascido , talvez por não entender a situação. Ela corria de um lado para outro, gritava, jogava bola, era a verdadeira dona da casa. Não ligava para o acontecido. Isso lhe deu firmeza em sua decisão de permanecer em seu novo recinto, pois também tinha esperança de ela superar essa história toda e curtir seu novo lar. Era uma residência fascinante. Todo mundo ficava apaixonado por ela (exceto sua esposa). 
            A história consiste no seguinte: no reveillon de dois mil e cinco, o casal chegou de uma festa, de madrugada (provavelmente bêbado), com um casal de adolescente do primeiro casamento do marido e uma menina de três anos, filha da esposa do casamento anterior. Ao dormirem, os adolescentes deixaram ligado um ventilador ou computador ou um quebra-luz, segundo várias fontes contraditórias, então um desses utensílios, incendiou-se, propagando para o forro de madeira e para outros objetos domésticos e demais compartimentos. O esposo, segundo algumas fontes, como dormia em quarto próximo da porta de saída, logo saiu com a mulher, mas ela viu que sua filhinha ainda não havia saído, voltou imediatamente para socorrê-la; os adolescentes estavam presos na suíte, pois o teto era de concreto. Neste ínterim, a vizinhança chamara corpo de bombeiro, mas a casa ardia em chamas e fumaça. A mãe conseguiu sair, mesmo muito queimada, com a filha com poucas queimaduras, mas intoxicada com a fumaça e foram levadas ao pronto-socorro pelos amigos, enquanto os bombeiros combatiam o fogo e resgatavam os adolescentes por um orifício que fizeram na lateral da casa. A criança falecera no caminho do hospital por causa do dióxido de carbono inspirado, e a mãe, horas depois, no hospital, em conseqüência das queimaduras de terceiro grau pelo corpo todo.
            A esposa temia por essas pessoas terem morrido dentro da casa, porém ela investigou com os vizinhos para saber estritamente o que ocorrera e constatou que não morreram . Ficou um tanto aliviada, todavia, ainda muito chocada e nervosa com tudo isso. Era uma mulher repleta de fobia, superstição, dogma e crendice, como nunca se viu. Então ele teve ideia de chamar um padre ou pastor para benzer a casa. Ela aceitou. Um obreiro veio pregar para ela e ungiu a casa com óleo e disse que teriam que fazer um voto e ofertar à igrejaDeus é Amor” e assistir a um culto. Assim eles fizeram. Mas ela nunca superou totalmente esse caso. Queixava-se de que a casa era malfalada. Ele dizia que não,  que as pessoas que são maldosas e por isso falam mal das coisas e dos outros. Ele falava que esse enredo não tinha nada a ver com eles, uma vez que a história deles na casa começou quando se mudaram. O que passou com outra família não lhes interessava. Passou-se um ano e ela, de quando em vez, tinha recaída porque algumas crianças vizinhas vinham brincar com sua filha e relembravam o ocorrido. Passou-se um tempo, o casal conversando sobre a casa, o fato passado. Ela perguntou para ele se tinha visto ou ouvido algo estranho, anormal, assustador, sobrenatural na casa. Ele disse que sim. Ela quis saber o que era porque isso lhe motivaria a sair de , mas ele respondeu que o que lhe assustara foi a fatura de água que deu duzentos e dezessete reais, uma verdadeira assombração.

Esse conto é uma reedição.

Bento Sales