Desenho de Taciane, minha filha com sete anos.
Durante muito tempo, Daniel foi
gerente de vendas de uma grande empresa, mas gostava mesmo era de ser vendedor,
em virtude da necessidade de viajar pelo País afora. Recebeu oferta de
representação de uma companhia e aceitou imediatamente. Era já um homem
quinquagenário, porém, ainda tinha o espírito de aventura. Trajetos como do Rio
de Janeiro a São Paulo ou deste a Mato Grosso do Sul, fazia de automóvel
próprio. Apesar de residir no Rio de Janeiro, sua área de atuação era a região
Centro-Oeste e Norte. Era fascinado por dirigir. Certa feita, ele foi de seu
estado a Mato Grosso do Sul por via área até a capital. Após atender um cliente
na capital, alugou um carro e foi ter com outro no interior do estado. Atendeu
o cliente e, mesmo já sendo quase no lusco-fusco, pretendia voltar para Campo
Grande no mesmo dia. Todavia, ao sair, sentiu forte cefaleia e fraqueza em todo
corpo, pois foi acometido por uma virose. Procurou ajuda médica, que lhe
receitou fortes analgésicos e lhe recomendou repouso imediato. No entanto,
renitente, como era, decidiu partir, assim mesmo, à boca da noite. As dores
sumiram, entretanto, sentia-se meio grogue. Empós duas horas de autoestrada, já
em plena noite, ouviu um grito: “Acorda Daniel”! O que o despertou. Estava dirigindo na
contramão, prestes a colidir com uma carreta. Instintivamente, desviou o carro
para a esquerda, contudo, ainda sofreu uma bordoada lateral, que fez descer
ladeira a baixo, até parar num barranco, mas sem capotar. Avisaram a polícia
rodoviária do acidente e ele foi socorrido com apenas escoriações e hematomas
por quase todo corpo. Tempos depois, mesmo ainda cético e agnóstico, foi a uma
igreja agradecer a Deus por lhe dar mais chance de continuar vivendo.
Bento Sales